Se tornou natural acreditarmos fortemente em uma eclosão de mundo moldada por parâmetros imagéticos euroamericanos. Coexistindo, subjetividades transfiguram e diagnosticam a crença em um modo de vida hegemônico desenhado por uma macro estrutura sistêmica com bases colonizadoras; corpos em grande maioria são herdeiros de isolamentos geográficos, e que foram cerceados estrategicamente para estarem fora do centro já atuam ou podem atuar para a abertura de brechas em uma reconfiguração do espaço estrutural/arquitetônico/social normalizado.

Como a paisagem pode ser um dispositivo semeador para descontinuar perspectivas que se afirmam através do medo?

Propor visualidades para diversos territórios desestruturando arquétipos, em diferentes escalas, se torna um caminho como possibilidade crítica e política de ação semeadora para o desenvolvimento de fissuras como táticas para grupos que historicamente são afetados por práticas de violência.

O que nos coloca em inércia? Como exercitar uma coreografia onde é possível driblar práticas impostas a corpos oprimidos? Como o processo de criação de imagem pode ser incorporado à desfuncionalização de ações e pensamentos que servem a um projeto de extermínio de esferas micro e macro ambientais?

Entendendo que a falta de reconhecimento de si é uma estratégia de silenciamento entre grupos, como criar práticas e experimentações que nos permitem interagir e perceber o que nos contorna?

As perguntas são convites para trocas. Portanto, momentos e criação de pensamento sobre o que construímos, uma possibilidade de mudança e de existir sem respostas, dar lugar ao efêmero. Os presentes trabalhos na exposição nos conduzem para diferentes energias sobre o tempo, a terra, a luz e o que fazemos enquanto corpos. Assim, provocam a normativa de um único ritmo e frequência enquanto se mesclam na paisagem. Sem ignorar estratégias, os artistas provocam o que os contorna, e assim, deixam agir o tempo que permite a transmutação.

Estratégias para o contorno
SESC Petrolina e Casa Amarela - 2018