1. Castiel Vitorino (Trovoa/ES) troca mensagens com Ana Lira. Os textos já evocavam possibilidades de quem poderia articular o Trovoa em Pernambuco.

2. Ana Lira entra em contato comigo e faz o convite, eu aceito.

3. Aceitei. Respiro, nunca esquecer desta ação e checar meus movimentos de vez em quando, tocando na região do peito.

4. Pensar, pensar, pensar e pensar. Percepção que um simples processo não conseguiria dar conta de todos os percursos entre as produções das artistas mulheres (trans, cis, travestis) e pessoas não-binárias: negras, originárias e não-brancas em diferentes classes sociais e com distintas histórias de Pernambuco.

5. “Não se trata de uma discussão que ocorre do dia para noite, já que o movimento conta com artistas, não-artistas, curadoras, pesquisadoras, educadoras, produtoras e comunicadoras sociais independentes que acumulam em sua trajetória profissional uma série de ações e posicionamentos anti-racistas no circuito artístico nacional, sobretudo em Pernambuco, estado que ainda tem muito o que se decolonizar em suas mídias e instituições excludentes. Ainda está em voga a apropriação cultural e a perpetuação de discursos hegemônicos não-condizentes com as reais necessidades da maioria da população aqui vivente, composta majoritariamente por pessoas não-brancas e empobrecidas, residentes nas periferias e no interior.”

6. Como fazer entender que nossas produções de imagens não devem ser situadas apenas em discursos/lugares racializados?

7. Como não reduzir nossas existências a processos identitários? Como tensionar isso a partir do lugar do cuidado?

8. O mote é a reconexão entre nós. Entre a nossa ancestralidade.

9. Como criar um lugar de encontro? Um chão, um território que podemos caminhar traçando outras perspectivas de existência, reafirmando o direito de viver, e não o de sobreviver.

10. Ao se transformarem em imagens as artistas evocam suas presenças, marcam processos que constituem corpos.

11. Escavar memórias.

12. Pele. Pele que levanta. Tantas Giras. Entremoveres. Palavras sobre nós, enquanto nos transformamos em imagens.

13. Vaguear entre as estruturas desejando criar novos léxicos e outras formas de residir.

14. Não somos trinta, somos incontáveis, mas não é apenas sobre nós.

15. Considere ‘nossos’ corpos um aliado! (parafraseando Mariana de Matos)

Entremoveres
Museu da Abolição - 2018

Fotos: Priscilla Buhr